Como diferenciar o comer emocional da compulsão alimentar?

Viviane Lopes

4/22/2025

baked cupcakes
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A comida pode ser um refúgio emocional. Em momentos de estresse, tristeza ou ansiedade, buscamos conforto nos sabores, nas texturas e na sensação de saciedade. Mas quando esse comportamento se torna um padrão, levando ao consumo excessivo e descontrolado de alimentos, estamos diante da compulsão alimentar.

Segundo Freud (1920, p. 15) descrevia o impulso alimentar excessivo como um possível deslocamento de desejos reprimidos, onde a comida assume um papel substitutivo para suprir lacunas afetivas ou traumas vividos na infância. Em muitos casos, a compulsão está associada a um vazio interno que busca ser preenchido através da ingestão de alimentos, funcionando como uma tentativa de satisfação imediata diante da angústia. Contudo, não podemos destacar aspectos biológicos e sociais.

Fatores genéticos e neuroquímicos desempenham um papel importante, especialmente na regulação da dopamina, neurotransmissor associado à sensação de prazer. Além disso, experiências adversas na infância, como abuso emocional ou negligência, podem aumentar a vulnerabilidade ao desenvolvimento desse transtorno. Dietas restritivas e a pressão estética podem desencadear episódios de compulsão alimentar como forma de compensação emocional.

A relação entre emoções e alimentação

Estudos recentes mostram que emoções não resolvidas podem impulsionar comportamentos alimentares desregulados. Segundo uma pesquisa publicada na Frontiers in Psychology a relação entre emoções negativas e alimentação está ligada ao sistema de recompensa do cérebro, onde alimentos altamente açucarados e palatáveis, ativam a liberação de dopamina, provavelmente você nunca viu uma pessoa com compulsão por alface ou brócolis, exatamente porque os alimentos saudáveis não causam essa explosão em nossos neurotransmissores, proporcionando uma sensação exacerbada de prazer imediato. Esse mecanismo pode levar a um ciclo vicioso: quanto mais usamos a comida para aliviar emoções difíceis, mais reforçamos esse padrão.

Comer emocional ou compulsão alimentar

Embora ambos os comportamentos envolvam o uso da comida para lidar com emoções, há diferenças importantes entre o comer emocional e a compulsão alimentar. O comer emocional ocorre ocasionalmente, geralmente em resposta a sentimentos como tristeza ou ansiedade, e pode envolver o consumo de alimentos específicos que trazem conforto. Já a compulsão alimentar é caracterizada por episódios recorrentes de ingestão excessiva de alimentos, acompanhados por uma sensação de perda de controle e sofrimento emocional significativo.

Critérios para diagnóstico de compulsão alimentar

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), a compulsão alimentar é diagnosticada quando ocorrem episódios frequentes de ingestão exagerada de alimentos, acompanhados por pelo menos três dos seguintes critérios:

  • Comer muito mais rápido do que o normal;

  • Comer até sentir desconforto físico;

  • Comer grandes quantidades de comida sem sentir fome;

  • Comer sozinho devido à vergonha;

  • Sentir-se angustiado ou culpado após o episódio.

Além disso, para ser considerada um transtorno, esses episódios devem ocorrer pelo menos uma vez por semana durante três meses e não estar associados a comportamentos compensatórios, como vômito ou uso de laxantes, que caracterizam a bulimia nervosa.

Como evitar os momentos compulsivos

  • Identifique o ``pensamento gatilho´´ – Antes de abrir a geladeira ou o armário, pergunte-se: "O que estou sentindo agora?" Muitas vezes, há um pensamento ou emoção que nos abala e nos leva a buscar conforto na comida. 

  • Pratique a consciência alimentar – Comer de forma consciente significa prestar atenção aos sinais de fome e saciedade, evitando o consumo automático de alimentos. Toda vez que seu pensamento te levar para o futuro ou passado, retorne para o presente, para a sua alimentação.

  • Encontre alternativas para lidar com as emoções – Exercícios físicos, meditação, escrita terapêutica e conversas com amigos podem ser formas saudáveis de processar sentimentos.

  • Crie um ambiente favorável – Evite manter alimentos que você sabe que não tem controle ao alcance e prefira opções mais nutritivas. Monte cardápios para a semana, e planeje até o docinho que pode comer, evite as dietas restritivas, pois com certeza restringir só piora esse comportamento.

  • Busque apoio profissional – A compulsão alimentar não é apenas uma questão de força de vontade. Psicoterapia, nutrição e, em muitos casos, acompanhamento medicamentoso podem ser fundamentais para o tratamento.

O caminho interdisciplinar

O tratamento eficaz da compulsão alimentar envolve diferentes áreas. A terapia psicológica ajuda a compreender e ressignificar emoções, enquanto a nutrição orienta escolhas alimentares mais equilibradas. Em alguns casos, o suporte médico pode ser necessário para regular neurotransmissores e reduzir impulsos compulsivos.

Se você se identifica com esse tema, saiba que buscar ajuda é um passo essencial para quebrar esse ciclo e construir uma relação mais saudável com a comida e com suas emoções. Você não está sozinho nessa jornada!

Conte comigo para superar esse desafio!

Viviane Lopes